ESQUADROS – ADRIANA CALCANHOTO

Composição: Belchior

Eu ando pelo mundo prestando atenção
em cores que eu não sei o nome
cores de Almodóvar
cores de Frida Kahlo, cores
passeio pelo escuro
eu presto muita atenção no que meu irmão ouve
e como uma segunda pele, um calo, uma casca,
uma cápsula protetora
eu quero chegar antes
pra sinalizar o estar de cada coisa
filtrar seus graus
Eu ando pelo mundo divertindo gente
chorando ao telefone
e vendo doer a fome nos meninos que têm fome
Pela janela do quarto
pela janela do carro
pela tela, pela janela
(quem é ela, quem é ela?)
eu vejo tudo enquadrado
remoto controle
Eu ando pelo mundo
e os automóveis correm para quê?
as crianças correm para onde?
transito entre dois lados de um lado
eu gosto de opostos
exponho o meu modo, me mostro
eu canto para quem?
Pela janela do quarto
pela janela do carro
pela tela, pela janela
(quem é ela, quem é ela? )
eu vejo tudo enquadrado
remoto controle
Eu ando pelo mundo e meus amigos, cadê?
minha alegria, meu cansaço?
meu amor cadê você?
eu acordei
não tem ninguém ao lado
Pela janela do quarto
pela janela do carro
pela tela, pela janela
(quem é ela, quem é ela?)
eu vejo tudo enquadrado
remoto controle

MOBILIÁRIOS ESTILO FÁBRICA

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JUCA DE ARIEL

As ilustrações que criei para o livro “Juca Cobra”, do escritor Ariel Capozzi, foram inspiradas nos poemas que antecedem cada capítulo da obra. Os traços, pinçados de diferentes tatuagens tribais, serviram de base para as composições. Aqui mostro duas das quinze ilustrações produzidas:

Ema

NA CHAPADA DAS EMAS

Era um planalto liso
Imenso, denso, intenso
Era um lugar sem aviso
Enrugado, vincado, chapado
Chão de terra sem pressa
Airado, enluarado, encantado
Sina, fado ou promessa
Misto de sul e norte
Ilhargas de leste-oeste
Amanhã, destino e sorte
Foi esse o caminho, pai,
Que por escolha me deste.

Maria

SANTA MARIA DOS PERDÕES

Era dos perdões a Santa Maria
De chuva, sol e lua seu chão
Quebranto na noite, encanto no dia,
Era de milagres a Santa Maria.
Das colinas, das grotas, das campinas
Céu de luz no verão, doce outono de sombras.
Era de Deus a Santa Maria.
Das matas, das águas claras, das cascatas,
Nas cores plenas da primavera, sorriso da
vida, no carinho aconchego do inverno,
Fogo da terra.
Era dos aflitos a Santa Maria
Encontros, desencontros, ingratidão,
Vez em quando, morria uma estrela
Aí então, era Santa Maria das dores.

Livro